terça-feira, 9 de dezembro de 2008

TRINDADE

Disseram que eu não tinha muito a perder e você achou que não levaria muito de mim. Mas muito de mim se foi quando você me levou pra si. Eu não tinha fronteiras nem eiras, nem árvores, nem livros, nem descendência. Mas era indecente e cria piamente que não poderia perder nada, pois nada tinha. Mas me enganei, tinha atributos humanos em comúm aos meus semelhantes; eu tinha ódio, orgulho, paixão, febre, tranquilidade, amigos, solidão, respeito, quietude e inquietudes. Fui perdendo isso aos poucos e, aos poucos fui vendo cada vez menos em mim a vontade de servir à vida como sempre servi. Hoje o amor que Ela sente por mim é o que me aproxima e me faz ainda querer conviver com a vida. Hoje sou uma trindade; hoje sou três. Quando quis matar Um, eu era apenas Um. Hoje sou um crente na Trindade. Ao mesmo tempo em que sou nada sou três e, se eu quiser me destruir não será só a mim. Será a Três e isso (eu sei) é impossível.

2 comentários:

Unknown disse...

Trindade! Acho que entendi! Acho também que entendeu! Mas acho que essa trindade na verdade é um baralho, com 4 naipes distintos! Um rei e 3 damas... de nariz de bolinhas....

RANGEL ARCANJO disse...

A trindade me fez pensar naquela uma parte das outras três do meu ser que pode ser desacreditada pelas outras duas em um momento ruim. Ela pode ser substituida, reeditada enquanto as outras duas reinam soberanas, mas sinceramente este é um pensamento deveras lógico para situação. Lógico demais.

Sem título

As vozes do espetáculo: o senhor Giannetti morreu ao vivo. Transmite-se a carne verde da azeitona carnuda E as vozes da América e da O...